segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Nós Saudosistas - Jornal i

Artigo na revista "Nós", parte do jornal "i", com referência à "Portugalo"
* Transcrição do artigo no fim do post

Article on the magazine "Nós", part of "i" newspapper, with reference to Portugalo.
* Translated transcript of the article in the end of the post

nos-1

nos-2

nos-3

nos-4

*...Um coração estilizado como logótipo, uma embalagem com ar moderno num expositor que parece tudo menos antigo e, por trás de cada produto, em texto bilingue, uma pequena história. Perante a descrição de um exterior tão adaptado às exigências modernas do mercado pode parecer pouco provável o factor de antiguidade do que está no interior, mas o objectivo da marca Portugalo é mesmo esse.

“Tiramos ao passado inspiração para o presente” ou “ O que foi útil ontem pode ser bonito hoje” são frases atiradas pela marca para justificar o conteúdo das embalagens: os nossos azulejos típicos, o batente de porta em forma de punho, um pião, uma lata de atum das antigas acompanhada pela boneca de uma nazarena ou um eléctrico em miniatura ainda por pintar com uma lata de tinta ao lado.

“O objectivo é termos uma marca de produtos portugueses tradicionais mas embalados de uma forma engraçada, com design”, explica João Raposo de 42 anos, um dos responsáveis pela empresa familiar. O sentido é de negócio, para resultar como compra de impulso em pontos estratégicos para o turismo, mas a inspiração é muito sentimental.
“O nosso afecto pelas coisas portuguesas acaba por ser uma homenagem ao nosso pai. Ele era um acérrimo defensor das nossas tradições. Tinha uma coluna semanal no Independente que se chamava “A Bandeira do Património”, onde cascava grosso quando era preciso.”

Com este pano de fundo, os três irmãos, que têm uma empresa de publicidade, foram sentido o potencial de um novo apelo pelo kitsch e pelo saudosismo e não resistiram. “Ouvimos falar desde pequenos do potencial enorme dos produtos portugueses e as pessoas andavam esquecidas disso.”

Um pião a um canto de uma loja dentro de um cesto cheio de piões é só isso mesmo – um pião. É por isso que a chave do sucesso da Portugalo, que até já anda a negociar parcerias com o MoMA em Nova Iorque ou com a Expo de Xangai, está nas embalagens. “Dá mais trabalho do que parece, o molde dos blisters tem de ser feito produto a produto, mas é a melhor forma de despertar a curiosidade.”

Os produtos mais vendidos não deixam de ser aqueles a que o turismo cede mais de caras, como o azeite, o vinho do Porto, ou a imagem da Nossa Senhora de Fátima, mas para o João Raposo a aventura maior tem sido a descoberta. “Conhecemos os artesãos e andamos pelo país real a ver as pessoas com quem trabalhamos entusiasmarem-se tanto com isto como nós.”

Na esplanada de um café muito turístico em Lisboa, a lutar com um certo inverso da Portugalidade – “para nos atenderem temos de falar em inglês” -, João Raposo não pode também deixar de recordar os tempos em que esteve emigrado na África do Sul. “Eu sei o que é esse sentimento de nostalgia em relação ao país quando se está longe e espero que a Portugalo, sendo uma prenda engraçada, sirva também para levar uma alegria a essas pessoas.” ...

* ... A stylized heart as a logo, a modern looking package in a display case that looks anything but old, and in the back of every product, in both Portuguese and English, a small story. When presented with the description of an exterior so well adapted to the modern market demands it might seem unlikely that the antique factor is in the inside, but Portugalo’s purpose it’s exactly that.

“We found from the past inspiration for the present” or “What was useful yesterday can be beautiful today” are the catch phrases used to justify the content of the packages: our typical tiles, the door knocker shaped like a fist, the toy top, a vintage tuna fish can accompanied by a Nazaré doll or an unpainted miniature tram car with a can of paint by its side.

“The main objective is to have a brand of traditional Portuguese products packed in a fun way, with a good design”, explains the 42 year old João Raposo, one of the managers of the family business. The purpose is selling, to work as a impulse buy in strategic placed tourism driven shops, but the inspiration to do this is purely based on feelings.
”Our affection for Portuguese products ends up being like an homage to our father. He was a strong defender of our traditions. He had a weekly column in the “Independente” newspaper called “A Bandeira do Património” (The Flag of Patrimony), where we cascava grosso when needed (typical Portuguese expression meaning that he “really told things like they were”).”

With this background, the three siblings, who own an advertising company, started feeling the potential of the new calling for the kitsch and nostalgic and didn’t resist.
“We have heard, since we were kids, of the great potential of Portuguese products, and people have been forgetting that.”

A toy top in a corner of a shop inside a basket among dozens other toy tops it’s just that – just another toy top. And that is the key to Portugalo’s success, which is currently negotiating partnerships with MoMA in New York and Expo Shangai, is in the packages. “It’s harder that it looks, the blisters cast must be made product by product, but it’s the best way to arouse curiosity.”

The best selling products are the ones most tourism driven, like the olive oil, the Port wine or Our Lady of Fatima statue, but for João Raposo the biggest adventure has been the discovery. “We have met with the craftsmen and have been travelling through the real country watching the people with whom we work getting as thrilled with this project as us.”

On very touristic street café in Lisbon, fighting against a certain inverse Portuguese way of thinking – “to get service here we need to speak in English” -, João Raposo can’t stop reminiscing when he was an emigrant in South Africa. “I know that sense of nostalgia regarding our country when we are away, and I expect that Portugalo, being a fun present, brings some joy to those people.”...

Sem comentários:

Enviar um comentário